Alzheimer

Aprendi a fazer rissóis com a minha tia Cândida, ela sempre foi boa costureira e ainda melhor cozinheira. Adorava fazer e comer a aletria com ela, tem um sabor especial e por muito que toda gente faça pela receita dela. Nunca fica igual!
Ela sempre foi esquecida, mas coisas normais, nada de alarmante. Do Natal para cá, os esquecimentos passaram a ser constantes e depois de muitos exames, os médicos disseram aquilo que todos já suspeitavamos, ela tem Alzheimer.
Ficamos assustados, ela já não sabia vestir-se, não conhecia nenhum de nós e isto tudo em semanas, um desespero entre os mais próximos. Ela tornou-se uma criança, que só falava na mãe e chorava. :(
Depois de não conseguir comer, de estar quase imobilizada, foi para o hospital e desta vez, acertaram com a medicação.
Agora está numa casa 5 estrelas, que embora não tenha o reconhecimento, nem apoio da segurança social, é mais do que bem tratada. Em duas semanas, está alegre, come muito bem, hoje até disse que eu estou a crescer muito e que quer um livro de palavras cruzadas para ver se é capaz de as fazer!
Quando já tinhamos todos perdido a esperança, ela voltou a si e com muito mais genica, hoje foi ela que descacou as batatas do almoço para todos os "novos amigos" :)
Eu sei que pode haver dias piores, mas saber que ela está a lidar assim com esta doença dá-me muita força!