quinta-feira, janeiro 16, 2014

Abraços

Confesso, nunca fui uma pessoa de abraços, abraços profundos, perdidos, curtos ou leves.
Aliás, acho que consigo ser quente com palavras, sorrisos, no olhar, mas não ao toque. Não sei se não preciso, se não quero, se não sei. Mas não dou, evito!
Afinal sou fria, cautelosa, distante e não o quente que por vezes transpareço nas palavras.
Um dos lados da minha família é assim, distante, não se toca, não se fala, mas têm carinho uns pelos outros e daí herdei esse meio lado, do outro, são faladores, risonhos, sociáveis e muito teimosos. E eu orgulhosamente ou não, tenho um bocadinho de todos. :)
Nos últimos dois meses fui a dois funerais.
É verdade, não fui a muitos na minha vida inteira e o último, da minha tia parece-me sempre ontem, foi como perder uma avó, que me ensinou a rezar, costurar, a cozinhar, plantar...e tudo terminado em ar.
As pessoas que partiram agora, de forma diferente, foram importantes na minha vida, mas tomaram outros rumos, e o que é certo é que já não as via há muito.
O sentimento que me invadiu quando cheguei aos funerais,  foi uma espécie de aperto, indescritível.
Pelas mortes em si, uma mais chocante que outra, mas mais porque vi outras pessoas que também já não via há muito, porque tenho uma vida demasiado agitada, porque moramos demasiado perto ou longe, estamos à distância de um telefonema e nunca ligamos, mas que se fossem elas naquele caixão eu teria muitas saudades daquela gente toda e dei por mim a abraçar..., abracei amigos de infância, vizinhos, pais dos meus amigos de infância, primos, perdi todo e qualquer pudor dos abraços. (Estou a exagerar dei uns 4 ou 5). 
Vim de coração cheio de dois funerais, pode parecer estranho, mas é o que sinto, consegui dar um bocadinho do meu calor, num dia tão frio para todos, mas juro, foram sentidos e transmitiram-me tanto conforto.
De um momento para o outro, quando estava aqui a pensar no dia de hoje, senti que afinal abraçar é bom, quando os abraços são sinceros, sentidos e no momento oportuno.
Por isso, vou continuar a defender a teoria dos abraços assim, mesmo pensando que ultimamente só acontecem em funerais. :(

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